quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Livro mostra caso do Pinheirinho pelos olhos dos moradores

Um ano após o incidente, dois jovens jornalistas lançam livro que narra a reintegração de posse do Pinheirinho através do olhar dos principais atingidos: os moradores


Entre 6 e 9 mil pessoas ficaram desalojadas após a ação de reintegração de posse executada pela Polícia Militar, por ordem da Justiça Estadual de São Paulo no Pinheirinho, em São José dos Campos, no dia 22 de janeiro do ano passado. 


Agora, dois jornalistas da capital do Estado lançam o livro “Pinheirinho: Vida e Sangue na Terra de Ninguém” (ainda sem editora definida), onde os incidentes que aconteceram na ocupação são narrados pelos próprios moradores da comunidade.

Livro de Guilherme Peace e Priscila Gatto narra o caso do Pinheirinho sob a ótica dos ex-moradores da ocupação.

Com uma narrativa humanizada que remete a um jornalismo mais literário, Guilherme Peace e Priscila Gatto conseguem dar voz às pessoas afetadas, mostrando não apenas o dia da reintegração em si, mas toda a trajetória que levou estas personagens até o Pinheirinho. O livro responde questões como: quem eram os moradores da ocupação? De onde vieram? O que os levou até lá? Como o bairro começou? Como era o dia a dia destas pessoas na comunidade? O que aconteceu no tempo que antecedeu a ordem judicial? Como foi o dia 22 de janeiro? Para onde os ex-moradores do Pinheirinho foram após a ação policial? Onde estão agora?



De acordo com Guilherme Peace, um dos autores do livro, não se trata de mais uma reportagem extensa para narrar o caso Pinheirinho como um incidente a ser estudado. “Nosso objetivo foi diferente. Buscamos mostrar aos leitores que aquelas eram pessoas comuns, cidadãos trabalhadores como qualquer outro que, por conta do destino e das injustiças sociais tão conhecidas no nosso país, se viram obrigadas a morar em uma ocupação”, explica Peace. Priscila Gatto afirma que o livro se isenta de teor político, uma vez que a história narrada é abordada pelo ponto de vista de cada entrevistado. “A forma como dividimos os capítulos dá este tom humano, já que duas pessoas não enxergam o mesmo evento da mesma forma. A reintegração de posse do Pinheirinho afetou aquelas pessoas profundamente, cada uma à sua maneira”.

Moradoras protegem seus filhos, enquanto fogem do confronto no dia da reintegração de posse.

Os autores defendem que a linguagem literária utilizada na escrita do livro serve para aproximar o leitor da realidade daquelas pessoas. “Beiramos uma linguagem romanceada, fomos ao limite permitido pelo jornalismo. No entanto, tudo ali é a verdade vista pelos olhos de cada personagem. Queremos que o leitor sinta 'na pele' o que os moradores do Pinheirinho sentiram, que compreendam como é a vida de quem não tem nada, e perde tudo”, explica Peace.

Caso ficou famoso por conta do número de moradores na ocupação e confronto com a Polícia Militar.

Priscila dá exemplos. “O livro acompanha a trajetória de cinco personagens, que representam a totalidade dos moradores do Pinheirinho. São pessoas simples, mas com histórias de vida fortíssimas, que enfrentaram sofrimentos por onde passaram. Há desde David Furtado, o único morador baleado por arma de fogo durante a ação policial, até Jorge, um jovem revolucionário disposto a enfrentar a polícia com pau e pedra, passando por Laura, uma mãe que faz de tudo para proteger seu bebê, Rejane, mulher forte que enfrenta provações sempre de cabeça erguida e Aniele, uma menina de 14 anos que luta contra o preconceito pela pobreza”. Segundo Priscila, apesar do teor do livro, não há sensacionalismos. “A história desses moradores é emocionante por si só. Não precisamos apelar para recursos emocionais, mas é certeza que o leitor mais sensível se emocionará”. O livro ainda não tem data prevista para lançamento oficial.

Curta a página do livro “Pinheirinho: Vida e Sangue na Terra de Ninguém”, de Guilherme Peace e Priscila Gatto no Facebook e baixe o primeiro capítulo gratuitamente clicando aqui.

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